Para um governo autoritário que busca endurecer o controle sobre o desregrado mundo da internet, quem melhor para consultar do que o criador da “cortina de fumaça virtual” da China?
Foi exatamente o que o pensou Konstantin Malofeev, abastado empresário russo que tem uma relação próxima com o Kremlin e com a Igreja Ortodoxa russa. Malofeev tem sido um agente crucial de Moscou para domar a internet e conter a influência americana no mundo virtual russo.
Nesta quarta-feira, 27, o Safe Internet League, grupo de Malofeev que faz lobby pela censura, vai receber em Moscou uma grande delegação chinesa liderada por Lu Wei, chefe da censura online do governo chinês, e Fang Binxing, criador da cortina de fumaça virtual do país.
Com a visita, os russos pretendem aprender com os chineses técnicas para filtrar sites considerados indesejáveis pelo conteúdo e bani-los da visão do público. Para Malofeev, a iniciativa é uma campanha da Rússia para reafirmar a soberania do país em um território que ele considera dominado pelos Estados Unidos.
Segundo Malofeev, os russos foram ao espaço primeiro e descobriram a Antártica, mas não para clamar o lugar para o país. “Mas os americanos têm essa atitude de cowboy, de pensar ‘agora vamos controlar isso a partir dos EUA pelo resto da vida porque nós queremos’”.
O empresário afirma que a censura hoje aplicada pela Rússia a conteúdos online sobre pornografia, suicídio e outros assuntos é insuficiente, e que aumentar o controle se tornou ainda mais urgente por conta da profunda recessão e das desavenças com o Ocidente.